A FORÇA CRIADORA DO AMOR
Enquanto a indiferença fere muito mais
Do que uma navalha dilacerando a nossa carne
E muito mais do que os rastros do ódio
Guerreando contra toda forma de vida,
O amor tem sempre o dom de curar muito mais
Do que qualquer remédio e antídoto eficazes.
É a frieza interior a morte da humildade e da nobreza
Essenciais para a chance quase impossível do perdão.
Mas, em contrapartida, o vigor de um coração amoroso
É a redenção para as almas desalentadas.
Tamanha inércia que caracteriza
A atuação mortal da indiferença,
É o que faz com que o calor de dois olhares
Sejam afastados quase sem chance de reconciliação,
Restando o frio da morte no íntimo das almas.
Para vencer essa terrível letargia,
Para triunfar contra essa terrível demonstração de vazio,
Nada melhor do que a inspiração irresistível do amor...
Pois é o seu bálsamo quem pode libertar a alma
Dos efeitos de toda a injustiça
Que existe despoticamente no mundo.
É só o amor, na sua santidade e clarividência,
Quem pode tão bem construir um novo sentido
Para o ser se refugiar permanentemente;
E também uma ponte firme para o surgimento
De um cálido abraço e de uma união eterna.
Ninguém pode ter uma plenitude de vida na indiferença,
Ninguém pode ser feliz na clausura da desolação
De uma existência que se evadiu na frieza;
Mas é o milagre de um corajoso ato de amar
Que pode enriquecer de uma luminosa verdade o ser
E transformar perpetuamente o coração
Com a brasa viva de sua magnífica força criadora.