Vícios Cardinais
Devo estar despido
de toda desvirtude.
Me desculpe se fui rude.
Minha pesada bagagem
me inspira um poder,
sobre tal sem meu controle.
Devo estar despido
de todo sentido
que até aqui me norteou.
Reconhecer
que me foi tudo permitido,
mas excedi com meus caprichos,
A minha vilania foi maior.
Fui além
com meus vícios cardinais.
Devo estar despido
da minha megalomania,
minha grandeza de orgulho...
(Tela branca frente ao olho,
frente ao nada que é nada além
de possibilidades em miríades)
Despido
de egoísmo, egocentrismo,
de ensaios ardilosos,
do mal que me capacitou.
De pobres teatralidades,
do espírito nauseabundo,
criminoso, que bem vigorou.
Subjuguei,
me corrompi também.
Despido
da vontade de ferir o semelhante.
Da batalha a todo instante
em querer provar ser o melhor.
Da soberba quando bem dotado em algo,
mas, longe de qualquer respaldo,
a vergonha deve me expor.
Da capital do meu país pro mundo,
fui bacana, fui alguém.
Tantos me serviram.
Outros eu usei.
Todas foram objetos.
Pra muitos eu fui rei.
(Só que não... só que não...).
Tripudiei, espezinhei,
Aniquilei meu bem.
(Meu bem?)
Eu sou: de sobreaviso.
Eu fui: meu maior inimigo.
Hoje devo estar despido...
Hoje devo estar vestido
de amor.
19/04/2020