NÃO DEMORA...
É periclitante permanecer mudo
Quando falam de ti com autoridade
Podes até não ser aquele mais astuto
Mas não seja ou aja como um covarde
É fácil encher a boca
E os ouvidos a quem acredita
Difícil é aguardar pela bancarrota
Pois a verdade quase nunca é atrevida
Que passe mel nos lábios
E use o chapéu da ignomínia
Discorra todo seu alfarrábio
Glorifique-se em sua homilia
Quem não tem luz própria
Procura abrigo para coexistir
Desfruta a companhia da escória
Enquanto saboreia seu Daiquiri
Se onde há fogo há fumaça
Identificará logo o epicentro
E quando estiver esparsa
Não haverá acalento
Apresse-se durante o entreato
Todos os lugares estão vazios na plateia
Presenteie sua boca com esparadrapo
Use a pantomima para sua prosopopeia
Diante de seu exócrino desfavor
Dê matéria prima aos mentecaptos
E aproveite bem o seu ofurô
Recheado de cobras e lagartos
Mas chegará um dado momento
Que logo herdará a contradição
E vai perceber que está remoendo
O que gostaria de ter no coração