NÃO DEMORA...

É periclitante permanecer mudo

Quando falam de ti com autoridade

Podes até não ser aquele mais astuto

Mas não seja ou aja como um covarde

É fácil encher a boca

E os ouvidos a quem acredita

Difícil é aguardar pela bancarrota

Pois a verdade quase nunca é atrevida

Que passe mel nos lábios

E use o chapéu da ignomínia

Discorra todo seu alfarrábio

Glorifique-se em sua homilia

Quem não tem luz própria

Procura abrigo para coexistir

Desfruta a companhia da escória

Enquanto saboreia seu Daiquiri

Se onde há fogo há fumaça

Identificará logo o epicentro

E quando estiver esparsa

Não haverá acalento

Apresse-se durante o entreato

Todos os lugares estão vazios na plateia

Presenteie sua boca com esparadrapo

Use a pantomima para sua prosopopeia

Diante de seu exócrino desfavor

Dê matéria prima aos mentecaptos

E aproveite bem o seu ofurô

Recheado de cobras e lagartos

Mas chegará um dado momento

Que logo herdará a contradição

E vai perceber que está remoendo

O que gostaria de ter no coração

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 13/03/2020
Código do texto: T6886866
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