Encontro com Cristo
E tu vieste até mim,
encontrando-me esgotado e sem forças,
sem fé, sem esperanças,
com o corpo inerte sobre o solo,
para então erguer-me
como um pai que levanta um filho querido.
Talvez sentindo temor em perder-me,
sendo privado da inquietação
de minha companhia.
Sentiu tristeza ao ver
que eu não conseguia
seguir o caminho sonhado,
mas teu sentimento harmônico
equilibrou tua razão.
E vendo-me incapaz
de chegar ao Pai
com meus próprios passos,
tomou-me como que fardo
em seus braços e levou-me a Ele.
Pediu por mim,
aquilo que eu não saberia pedir.
Ajoelhou-se, humilde,
onde o meu orgulho
me fez apenas tombar.
Semiconsciente,
reconheci teu ato.
Nunca sentira antes
tanta gratidão a alguém.
E por seres franco e sincero senti,
então, reconhecimento por ti.
Teu afeto puro
aquecia a indiferença
de minha mente fria.
Fraternidade.
Finalmente, irmãos
por nossa própria vontade.
Quis erguer-me,
mas estava exausto,
necessitando de teus cuidados.
Mas mesmo fraco,
senti o renascimento das forças
que pensava perdidas.
O grande estava pequeno,
o pequeno estava grande.
Tive vontade de novamente sorrir,
deixar ressurgir o velho sorriso esquecido.
Concluía que a felicidade
não advinha da falta de sofrimentos,
mas da capacidade de enfrentá-los
sem perder a fé no Pai.
Naquele momento,
talvez meu coração
excessivamente humano
fosse lume crescente
em meio às trevas
do abandono da vida.
Talvez em algum lugar
da memória da alma
lembrasse o prazer
das velhas cavalgadas.
Mas já não era mais hora do passado,
era convite para o futuro.
Não era mais
o trote triunfante
sobre o duro solo da Terra,
mas o abrir de asas
em busca da liberdade
dos espaços do universo.
A mente cada vez mais distante,
mas o coração ainda próximo.
Num impulso quase infantil te abracei,
sentindo valor em ser teu guerreiro,
um velho guerreiro
que estranhamente desejava paz.
E a paz, então,
sorriu-me como
que a me convidar para a luta.