As tumbas profundas dos homens rasos

Esperança há

Não em mim

Nem em ti

Não nos braços

Nem nos laços

Não na vitória

Nem na história

Não na jornada

Nem na estrada

Não no mundo

Certamente, não no mundo

Profundo mundo-

De homens tolos

Muitos lobos-

Profundamente raso

Movimento constante

Em ritmo oscilante

De lugar algum

Para lugar nenhum

Sobre o peso do próprio corpo

Desfalece, como um touro no abatedouro

Na marcha fúnebre dos vivos

Só há ruídos

Dos mais bem lembrados quando esquecidos

Tumbas profundas para homens rasos

Mumificados vivos pelos próprios braços

No coração da escuridão

Habita o senhor das moscas

Que guarda seus filhos

Em tumbas ocas

Quanto pode correr o que não sabe para onde?

O que pode encontrar aquele que se esconde?

Quanto pode esperar o que não tem esperança?

Qual será a sua herança?

Tumbas ocas

Tumbas ocas

R R Vieira
Enviado por R R Vieira em 30/01/2020
Reeditado em 30/01/2020
Código do texto: T6853839
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.