Fim dos tempos 11/4/2010

Cometas, asteróides, meteoros rasgam o céu

Açougueiros, assassinos, bisturis rasgam carne

Ventosas ou presas hematófagas, agrotóxicos rasgam organismos

Escritores rasgam papéis de caneta

Palavras são rasgadas e fruídas por poetas

Generosos benfazejos rasgam-se a si mesmos

Britadeiras, bate-estacas rasgam chão

Operários empunhados rasgam suas próprias mãos

Rios poluídos, ruas congestionadas rasgam as cidades

A donzela puritana rasga-se em toques e em pensamentos

Meretrizes, ninfomaníacas, libertinos rasgam-se pelos cantos na surdina

A insanidade rasga o bom senso noite e dia

Feitos humanos rasgam o ozônio estratosférico

Efeitos do homem rasgam a sublime natureza

A natureza rasga sua voz cantando em todos dialetos

Juízo e limite rasgam-se em embate

Políticos rasgam dinheiro alheio

Famintos, vira-latas ou quase-humanos rasgam lixo

A noite rasga o dia

O fogo rasga a escuridão

O lampejante fim rasga o nada: reinício

Abril/2010

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 19/01/2020
Código do texto: T6845796
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