Poema do extravaso
Cheguei perto de ti
E virei pro outro lado
E bem abobalhado
Fingi que não te vi.
Mas eu sim vi
Tanto que olhei
E daquele lado ali
Invisível me tornei.
Não sei se com sucesso
É difícil ser complexo
Um ego forte eu meço
E vejo: que falta de nexo.
Mas é bem quando
Se tenta esconder
Que se está delirando
E fica fácil ver.
Nem adianta esconder
Pelos olhos transpira
E resta apenas ser
Enquanto a vida gira.
Eu te vi desse jeito
E desvi e fingi
Bato no meu peito:
Eu reagi!
Se certo ou errado
Coração não entende
Sente assim ou assado
E bate e bate e sente.
É coisa de demente
Sentir e disfarçar
Mas com tom sorridente
Mistério saborear.
Óbvio precisa ser?
Para dar puro tédio?
Ou deve se exercer?
Como lento remédio?
Nem sei o que sinto
E não minto, que legal
Tem gosto de vinho tinto
Mas às vezes sem sal.
Hoje assim
Amanhã sei lá
Hoje sim
Amanhã bah!
Fico por aqui
Bem desse lado
Vem e me sorri
Quero ser extravasado.