O amor angelical

O amor angelical

Quando a vi em meus sonhos, pensei estar sonhando com o próprio ato de sonhar,

Pensei estar morrendo e voando até ao céu chegar,

Mas quando despertei, vi a escuridão da realidade que dói abraçar-me,

E tudo aquilo que sonhei somente vi deixar-me.

Meus pensamentos vãos aos quais somente a razão morava, pois tudo que o coração sentia a lógica de não sentir matava,

Tudo que meus olhos viam era somente um caminho que eu seguia impaciente com a chegada,

Nem meus tímpanos ouviam tudo, a não ser o nada,

Até mesmo a esperança virou uma velha amiga que ficava somente na imaginação guardada.

Para ver a luz somente um milagre em extinção que já se despedia,

Mas tolo, absolutamente era eu, ao não perceber que com o amor a fala não vem de linguagens,

A alma junto com outra alma, aquecem o coração que morreu, ou talvez, que nunca viveu,

Mas tudo era somente uma ilusão de um espírito que já não sonhava e todas as páginas escritas transformaram-se em folhagens.

Mas, de repente, num sonho inocente e involuntário, tu vieste a mim como uma criança que procura colo,

Como um mendigo que mendiga amor, como uma flor que clama pela água,

E então, meus olhos juntamente com meu coração viram a própria luz, o próprio amor a tocar-me com compaixão,

E mais uma vez, como todas as outras coisas, ir embora em uma só ilusão.

O choro toma como abrigo meus olhos, que lamentam a visão da luz perder,

Mas ao meu desamparo e ao meu perceber, vejo do céu uma luz cintilante que faz dos céus nada a tua beleza comparada,

Estava ali em minha frente, a luz de meus sonhos personificada,

Como mil sóis e mil luas, estava ali você, o anjo que nos meus sonhos perdura.

E com um olhar somente, fez-me acreditar que todo desacreditado do amor do sentimento todo mente,

Senti-me um desonrado, por ter ceifado de minha alma aquela que por minha alma todo o viver deixou,

Você desceu dos céus só para mostrar-me que mesmo quando meu coração morre, existe alguém que vive por ele,

Que mesmo na solidão mais profunda, alguém, mesmo que não visto, ainda te abraça e jura em teu nome todo amor.

E depois de ver-te, mesmo sem nenhuma palavra, vi que tu só me amava, na mais pura essência do amor, que vai além de tudo, de toda felicidade e toda dor,

Voaste para longe, e levou em teus braços, abraçado o meu espírito, para com você sempre viver,

E eu estava ali, parado, e a morte que em mim vivia, foi matada pela vida que me destes, e então pude ver a verdade,

Em toda a minha vida infeliz, tu, com teu singelo amor, me deu um pouco de felicidade.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 11/12/2019
Código do texto: T6816656
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