Gosto do meu canto.
Do ângulo de noventa graus.
Das paredes que apoiam.
As costas e a culpa.
Da indiferença diante da injustiça 
diária  e cotidiana.

Meu canto.
Minhas regras.
Meu código indecifrável. 
Símbolos  e dialética bailam
E olhos atentos leem...
Correm para a semântica 
De braços e almas abertas...

Fecho a porta.
Suspiro 
O olho dói 
A ignorância é bálsamo 
E, todo resto é  dor de consciência
Tardia.
inútil 

E latente...
existe mesmo de olhos fechados
 
A vantagem do canto
ter a ilusão de domínio
e controle...

No fim, a penumbra da
sobrevivência  encobre
a decadência e morte. 

A redenção  só há na
poesia.





 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/12/2019
Reeditado em 01/12/2019
Código do texto: T6807871
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