Sol Noturno
Metamorfoseando-se por entre minúcias viscerais,
uma organicidade unitária se faz
Atriz e espectadora da própria transformação.
Luz e vertigens;
Persegue, maravilhada, o feixe luminoso
Cercado de escuridão.
Por entre círculos, desenha seu voo;
não tem fome de nada,
só de luz.
O passado, em crisálida,
Resplandece à noite;
Transformada,
A noiva noturna não anuncia morte,
Mas a pós vida.
Não foi em vão que viveu a rastejar
Por entre garranchos e predadores,
E ao destino também nada deve;
ferida foi pela enésima vez.
Ao despertar do profundo sono,
Já deixou para traz o rastejar vão.
Agora plana à noite buscando a própria luz,
sendo a própria escuridão;
Não a busca na incerteza, mas na certeza de encontrar;
Ao mirá-la, ainda distante, modela seu voo.
Não precisa de mais nada, nem de descanso.
Da inquietude soturna
Desbrava, serena, a dimensão secular.