RESGATE
Mergulhei no vazio
E tudo que conseguia vê
Era escuridão
Que sobrevivia no fundo
Alimentando-se de almas
Que despencavam
Do barranco
Com os olhos vendados
E se perdiam
Entre os laços do nada
Já quase sem forças
Rendendo-me as àguas
Que me abraçavam
E aos poucos me levavam
Ao mais profundo daquele precipício
Desisti e olhei
Para o único foco de luz
Que penetava as águas
Despedindo-me para sempre
Da superfície
E quando me entreguei
Por completo
Achando ser o meu fim
Tua mão me alcançou
E me arrancou
Da escuridão mortal
Que zombava de mim
E já brindava
Minha derrota
Envolta em carmim
Então cheguei a praia
E despenquei no chão
Sem quase respirar
Senti a areia queimar
Comecei a gargalhar
Como uma louca
Que voltou a sonhar
Depois de um pesadelo
A realidade era doce demais
Pra calar