Remédio

Talvez o remédio da morte seja o unico que me cure,

Essa dor disforme consome meus órgãos,

Esvazia meu corpo de mim,

E no seu imenso mergulho de desgaste, me faz o favor de me entregar ao nada.

Que ser é esse que me consome e não tem nem forma?

Que isso que me esvazia e ao mesmo tempo me enche de duvida?

Talvez esse deve ser o problema em mim,

Eu quero que o Mal exista para que eu pare de me culpar,

Quero sentir o frescor da infância sem nem correr atrás da verdade da existência,

Porque um pouco da inexistência eu sei,

Me consome e lidera o meu corpo em vazios planetários.

Deve ser horrendo ser eu!

Por isso me dei o presente de pensar sobre o remédio que tira essa dor,

Eu devo ser o unico ao olhar para o lago e me afogar ao ver minha imagem, porque ressignificar e encontrar lugar no espaço do mundo é um exercício para verdadeiros homens,

Um anti-narciso me bastaria para viver todos os dias adequado e feliz,

Mas não tenho nada, somente este vazio que provoca dor,

Deve ter uma saída! Não há dor sem remédio, não há escuridão sem sombras,

Não há homem imperfeito, sem o Homem Perfeito!