Ávidos
tenho visto sórdidos trejeitos
afeitos e nus na prática decente
mentirosos contumazes e atentos
na sociedade doente sem semente
cicatrizes e meretrizes nos leitos
escorreitos que exalam a perfume
ode ao canibalismo cru e visceral
adubo com cheiro forte a estrume
que nos rega a carne nos rodízios
óleo que escorre do nosso animal
para outro animal já ressequido
fel que guarda a essência do mal
sempre pronto a engolir contido
dinheiro que nos mostra ser fatal
transformar uma natureza em cal
se nos deixarmos um dia abater
morrer vai ser um sonho delirante
radiantes e sós por esse turbilhão
cometeremos loucuras para ter pão
ávidos por um presente esfuziante
seremos carcaças podres e frias
cobertas de moscas e de orgias
as putas serão as nossas deusas
coitadas e exaltadas nas alegrias
à vida daremos o último suspiro
um longo pesado e eterno adeus
continuaremos a rir na batalha
e mataremos em nome de deus