A viagem

O barco está cheio

Não tem onde armar a rede

Todos querem fazer a viagem

Os melhores lugares já foram ocupados.

Os estivadores não param

De trazer vultos enormes

Para dentro do barco.

Busco um canto para

Armar minha rede.

Todos se espremem,

Uns contra os outros.

Como Jonas, eu desço ao porão

Me acomodo em meu canto

E torço pra que a sorte

Não caia sobre mim.

Em meio às trevas

O barco desliza sobre

As águas do rio.

Todos confiam suas vidas

Nas mãos do timoneiro

Ou esquecem que tem um.

O ruído do motor não me incomoda.

Os monstros lá fora não me assustam

Os que carrego por dentro

São mais aterrorizantes.

Continuo minha viagem

Pelo rio da vida.

Mas estou sempre atento

Neste rio, muitos já se afogaram.

Esdras Barbosa
Enviado por Esdras Barbosa em 28/09/2019
Reeditado em 28/09/2019
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