Voando na madrugada
quando a noite se curva sobre a tarde
e se apodera da fadiga que em mim ficou
liberto-me dos despojos de mais um dia claro
encanto-me na chegada dessa escuridão
as sombras projetam-se junto aos meus passos
como raros seres que caminham ao meu lado
em lapsos cegos de encantamento certeiro
sou lançado nos confins da madrugada
como ave de rapina atenta e encantada
subo lá no alto sereno em círculos fechados
e de lá avisto tranquilo todos os cansaços
da luta que se liberta dos laços
mergulho no vazio da imensidão velada
à procura do meu alimento sagrado
não sou mais do que um pássaro ao vento
voando em círculos largos e concêntricos
livre leve e solto como a madrugada
mongiardimsaraiva