Alvor amarelo

ALVOR AMARELO

“E olhei, e eis um cavalo amarelo.

E o que estava assentado sobre ele

tinha por nome Morte...” (Apoc. 6:8)

Existe no ar

um pressentimento...

Tange algo triste

na aura da minha

percepção. Névoas escuras...

Imagens esquecidas e

não delineadas – quase inacessíveis –

parecem surgir

no íntimo da mente

nesta manhã de chuva mansa,

sonolenta...

É como se a alma pressentisse a morte.

É como se a chuva escondesse um drama.

É como se a vida se espalhasse em dor...

Adeja no ar

um sentimento vago...

de coisas que não sei

de coisas que não vi

de ogivas cinzentas

de cidades cruentas

de cruzes levantadas

de alianças quebradas

de virgens maculadas!

Existe no ar algo indefinível

no alvor amarelo

da manhã molhada...

Não será tudo isso o início do divórcio

no seio das partículas?

Não será o despertar de Magogue

nas terras do norte?

(Uma trombeta soa ao longe...

ao longe...

ao longe...

no Vale de Acor).

SGV. (16/12/95)