Corpus Mysticum
Sereis agora os ramos e eu a vide
Sereis o corpo que entreguei e tomo
Para mim, de novo, amplo e uno, em torno
Do qual gira a manhã, o ar do campo, a prece
Dos arroios, das faias, do incenso
no altar erguido e no vitral de fogo
Que à luz sem cor imprimirá meu Rosto
E a lançará na cela inquieta e vária
Para fazer da treva o incandescente tronco
Da minha coluna, caule, a seiva que resume
O mel do amor que de Mim a vós circule
Para que todos em Mim vos congratulem.
Para outrem não foi o Meu chamado.
Porque outrem não há fora de Mim.
Tocai as Minhas chagas: elas são vossas
E vosso é o bálsamo que as seca enfim.
Já disse antes que o mundo fosse erguido:
Estarei convosco sempre; estaríeis vós comigo?