LUZ MACIÇA II (desafio)

Ao acordar

Fiz-me novamente refém

Do relógio. Do celular. Cobranças

E ninguém nunca pergunta o porquê tanta pressa

Ninguém viu o azul celeste sumir

Paulatinamente tragado

Vivendo as trevas do meio-dia

E o almoço rápido

Sem o tempero dela

Sem aquele barulho de garfo batendo no prato que ela faz

Agora a vitrine está embaçada

Limpam a vitrine

Não trocam a mercadoria

Sobem o preço

Mas a vitrine parece mais importante

O cachorro mais magro que a expectativa

E nem por isso me dei conta de que meu lápis quebrou enquanto

Escrevia isso

O "bom dia" mais noturno que já vi

A beleza antagonica das relações

Que como fios descascados imiscuem-se

Atadas em postes convencionais

Sem luz

Da feira das vaidades

Das músicas repetitivas

Dos embalos de sábado a noite

Com a morte na sexta-feira 13

Pós "Valentine Day"

Enamorados com o rancor...

Eu?

Que posso fazer ante a balança

Que impõe sobre mim

Pesando meus versos

Colocando a "tara" sobre minhas emoções

"R$ 1,99. Volte sempre."

Eu?

Cansado de correr

Volto

E vejo as relações líquidas

Pessoas líquidas

Sensações líquidas

Que não sofrem solidificação

Na vaporizacão dos alicerces

Eu?

Chego em casa

Ela ainda não chegou

Disse que vai passar na casa da mãe e pode ser que durma lá.

Ela...

Estou so.

Porém...

Eu...

Após quase me afogar na liquidez

Das correntezas cotidianas

Sinto algo que pesa mais do que meu verso

Algo que toco sem epiderme

Ouço sem auxílio de fones ou batedores sonoros

Sentado... sinto-me como que voando

Quebrando as ondas líquidas

Mas sem surfar mais

Apenas recebendo

A noite

A Luz Maciça

Do Sol da Justiça

Que nas minhas noites de 24 horas

Se faz presente.

Esse foi um dia... tão nosso.

Em homenagem ao Mestre CJ OLLIVEIRA e sua obra ótima LUZ MACIÇA. CONFIRA!!!

Leandro Severo da Silva e CJ OLLIVEIRA
Enviado por Leandro Severo da Silva em 19/06/2019
Reeditado em 19/06/2019
Código do texto: T6676384
Classificação de conteúdo: seguro