Seus olhos não me encaravam
Só de soslaio
me contemplavam
Como reticências caindo
ribanceira a baixo...

As estrelas no céu 
silentes meditavam sobre a lua.
E, nosso silêncio cortado a faca
parecia fatias de poesias
salpicadas de rimas
assimétricas
e coreografadas.

Seus olhos não me enxergavam
eu era uma sombra, 
um delírio,
um franco devaneio ou
uma febre tênue e frugal.

A infecção existia soturna
sem alarde
espalhava-se com delicadeza
e destreza pelo corpo
e aquecia a alma.

Depois lhe flagrei rezando
Achei tão profundamente lindo
tanta fé...
e o sinal da cruz
e alma embalada em prece.
Meditando sobre deus e as criaturas.

Sentia-me um bárbaro,
aborígene.
Imediatista e terreno,
preso aos ventos
e aos ferros 
transmissores de eletricidade;
Movido pelo choque de neurônios.


Minha dinâmica
quicava nas arestas imaginárias
E a química se esvaia
num perfume,
num entardecer em tom lilás
e, depois de uma breve 
despedida.

Sentia-me bem.
Apesar de não sentir seus olhos.
No fundo, eram outros olhos
que me fitavam
simplesmente
os da alma.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/05/2019
Reeditado em 15/08/2019
Código do texto: T6660844
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