AS MUSAS DO CORAÇÃO
“Aos poetas apaixonados”
Há as musas da Natureza,
Há as musas do Universo,
Todas são de esbelta beleza
E palpitam em cada verso.
As mais sábias de todas elas
São as musas da emoção
Que moram felizes e singelas
Dentro do humano coração.
A primeira delas é o amor,
Um candelabro que ilumina
Na claridade de intenso alvor
Que toda a alma determina.
Este amor é feito de sonhos
E de marés intermitentes –
Há dias tristes, dias risonhos,
Como há melodias silentes.
A segunda delas é a paixão,
Qual rubra chama promissória,
Às vezes forte, outras vezes não,
Tão perto de céu como da escória.
Cada paixão, feita de surtos
De múltiplas intensidades,
Leva tempos longos ou curtos
Por entre ignotas polaridades.
A terceira delas é a esperança,
Última âncora de todo o ser,
Numa postura que balança
Entre os arcos do alvorecer.
Toda a esperança é destemida,
Na virtude e na persistência,
E mesmo que seja vencida
Dá mais colorido à existência.
A quarta musa é a saudade
Que tem horror à fantasia
Bebe na fonte da soledade
Revestida de nostalgia.
É a dilecta do coração,
Mesmo na ausência do amor,
Não tem inveja da paixão
E a esperança sabe-lhe a dor.
Ó Musas, musas da minha grei
Que o meu coração habitais,
Se sois as minhas eu não sei
Nem se a felicidade me dais?
Se a mãe-natureza tem sentido
Ameaçada pelos ares da morte,
A Vós, eu me encontro rendido
Ansiando para mim toda a sorte…
Abençoada sorte em ser poeta
E doutros poetas ser irmão
Com a minha vida repleta
De labor e de inspiração!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA