PROMESSAS DE UM POETA NO OCASO

Gaivotas se despedem da tarde,
Estendem asas de liberdade.

A brisa emana o seu frescor,
Conduz o notívago pescador.

Que acostumado com a vida de navegante,
Ignora a beleza do instante.

O mar é um imenso tapete reluzente,
Matizado pelo sol poente.

Nesse ambiente encantado,
Não me contenho, dou vazão ao eu bardo.

Lanço vocábulos na influência,
Com alucinada eloquência.

Prometo ser fiel à poesia,
Inseparável companhia,

Enquanto eu vivo estiver,
Prometo ser o que ela quiser.

Seu homem, sua mulher, seu objeto,
Transcendente, concreto.

Di(versos) instrumentos da sua vontade,
Múltiplas identidades,

No meu ego receptáculo.
Prometo ser sustentáculo,

Todos os dias, todas as horas,
Deixá-la fluir sonora,

Totalmente senhora de mim.
Prometo sempre dizer sim

E aceitar o seu não,
O seu espere sem sofreguidão.

Prometo tantas coisas para ela,
Que me perco nas paralelas,

Da última luz do ocaso.
Me perco, mas, estranhamente me comprazo.