LUZ DO AMOR

Meu amor não tem mais Eros

Só erosão, areias e castelos, flagelos

Tua vida de geminada alma que me deram

Também me tiraram como gelos que degelam...

Me tiraram os espelho de teus olhos

E agora? não tenho mais nenúfares

Sequer me deixaram os escolhos

Só me deixaram os pesares

Na escuridão do lago mergulho sem ar

Ao invés do sol acariciando os mares

Fico qual lágrima prestes a secar

Não tenho mais tua carícia, nem teus manjares...

Divago e vago em cada trago que entra e sai

Pois teu fantasma teu miasma teu diafragma

São guilhotinas no meu peito que se contrai

E sonho contigo inquieta qual corpo sem plasma...

E onde estás noutra mulher que não consigo ter

Tantas pessoas e nada de te encontrar

Me de uma luz que seja neste teu esconder

Tente acender um fósforo pra que eu possa te tocar...

Não sei mais o que faço

Tanto amor e tanto fracasso

Pra que escrever num diário de papel ao maço

Se me perco no mausoléu de Helicarnasso...

Já vivi em tantos e tantos já morreram em mim

Que hoje se me matarem dentro deles

Serei apenas um filete sem um fim

Tipo destes verbetes... sou eu que vivo neles...

Porque pra mim tantos juros de mora

Se o que mais cresce fora de nós

São os lixos que jogamos todos os dias fora

As águas mesmo que das lágrimas levam os pós...

Só não consigo te esquecer

Durmo com teu amor

Não consigo compreender

O que faço com esta dor???

E antes que na penumbra me esqueça

Se noutra mulher te encontrar

Voltarei pra este feminino lar

Mais creia jamais com a luz totalmente acesa...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 18/04/2019
Código do texto: T6626196
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