LUZ DO AMOR
Meu amor não tem mais Eros
Só erosão, areias e castelos, flagelos
Tua vida de geminada alma que me deram
Também me tiraram como gelos que degelam...
Me tiraram os espelho de teus olhos
E agora? não tenho mais nenúfares
Sequer me deixaram os escolhos
Só me deixaram os pesares
Na escuridão do lago mergulho sem ar
Ao invés do sol acariciando os mares
Fico qual lágrima prestes a secar
Não tenho mais tua carícia, nem teus manjares...
Divago e vago em cada trago que entra e sai
Pois teu fantasma teu miasma teu diafragma
São guilhotinas no meu peito que se contrai
E sonho contigo inquieta qual corpo sem plasma...
E onde estás noutra mulher que não consigo ter
Tantas pessoas e nada de te encontrar
Me de uma luz que seja neste teu esconder
Tente acender um fósforo pra que eu possa te tocar...
Não sei mais o que faço
Tanto amor e tanto fracasso
Pra que escrever num diário de papel ao maço
Se me perco no mausoléu de Helicarnasso...
Já vivi em tantos e tantos já morreram em mim
Que hoje se me matarem dentro deles
Serei apenas um filete sem um fim
Tipo destes verbetes... sou eu que vivo neles...
Porque pra mim tantos juros de mora
Se o que mais cresce fora de nós
São os lixos que jogamos todos os dias fora
As águas mesmo que das lágrimas levam os pós...
Só não consigo te esquecer
Durmo com teu amor
Não consigo compreender
O que faço com esta dor???
E antes que na penumbra me esqueça
Se noutra mulher te encontrar
Voltarei pra este feminino lar
Mais creia jamais com a luz totalmente acesa...