Patógenos almáticos

Estou doente -- mesmo que a saúde não desvaneça--

Se colocardes a mão em minha têmpora

Nem vestígio dos calores febris.

Um fino véu me cobre os nervos

Me protege das adversidades

Me priva das felicidades

Fico no acalanto de mãos gentis.

Estou doente, mas não desejo o apreço da plateia

A moléstia é destas solitárias

Não é das epidemias (adversa às multidões)

Aceito com graças o abraço dessa mãe

acomoda em seu colo minhas as ânsias:

No álcool coloca a sede

No amor coloca a fome

Nas palavras coloca magia.

Estou doente, não tenho do que reclamar

O secular já não me importuna

Rodeiam os mais ideais dos mundos

Sem o sentir, apenas vislumbro

O brilho da lâmina de orvalho na ponta do lírio

Que ondulam a superfície do véu

E ninam-me o espirito apático

Já aconchegado em sua cela.