Espaço-tempo
Escorreguei num abismo infinito
Quando o céu despencou
E quebrou no meu chão
Feito um espelho
Carregado de maldição
Tudo que consigo ouvir
É o eco da minha voz
Que grita no vazio
Pedindo socorro
Buscando tuas mãos
As peças do xadrez
Movem-se sozinhas
E eu feito andorinha
Que voa solitária
Me perco
Dentro de mim
Buscando no meu íntimo
O som da tua música
Que sobrevive
Em carmim
Segura em minhas mãos
Movendo a ampulheta
E levando-me ao dia
Em que vesti o branco
Entre velas
Toca meu coração
Como na aurora
Em que deitei felicidade
E mergulhei
No mar de estrelas
Fala ao meu ouvido
Com uma voz suave
Me diz que está comigo
Sendo meu abrigo
Na tempestade
Me leva a um lugar
No espaço-tempo
Onde possa ouvir teu respirar
E sentir tuas mãos
A me agasalhar
Pode o mundo girar
E a escuridão para si me tomar
Mas você sempre será
Um farol
Em alto mar
Que de alguma forma
Está a me guiar
Na distante colina
Apenas ecos
Perdidos no ar