A última gota
"... e nimguém poderia estar no seu lugar
nem as tais ditas cujas - meras musas...
à elas , cabia apenas tentar entender porque você é!
Incondicionalmente, volto a remar por este mar,
avistando um cais abandonado, com uma roxa murcha, derramando a última gota do seu legado...
Escurece, as estrelas resplandecem no céu, o oceano repousa na malha do mar - e a brisa aponta aonde devo chegar...
Um espectro suntuoso vem em minha direção.
Serás tú? Miragem, imaginação descabida... o ceifador?
Oh! Como pude imaginar um horror... Ceifador...
Veio ceifar o solo da minh´alma, retirar o joio que entope meu coração - as experiências que me fez multiplicar as noites de solidão
Não! Não era um ceifador, era um anjo... Um anjo? Ou um najo?
Um najo... que veio contar como foi decair do céu, entrar nas fervuras da angústia, perdido no labirinto com cheiro de fel. Veio me alertar, mudar a rota da embarcação ou me lembrar que a Musa estava no cais abandonado - e murchou, exalando o perfume que os deuses roubaram.
Éder Carneiro Cardoso e Silva