SONHO PROFUNDO


Saio de mim para enfrentar os meus olhos
São como cordões de prata pesados demais no meu corpo
E ainda nem comecei a andar pelas veredas.

Você caminha soturna pelas ladeiras
E também carrega o peso descomunal de seus olhos
Mas eles são pingentes coloridos e leves.

Quando eu cantar o cântico dos mortais
Não me leve a sério. Apenas abaixe a cabeça e reze
As almas que habitam em nós se acalmarão.

Como acalmarão os postes e as luzes
Como acalmarão nossos silêncios e vozes
Que descem pelas ladeiras e contornam as curvas do rio

Faça-me sentir que tudo vale a pena e que viver é o riso
Trave-me os ombros e me solte os braços
Enleve-me em breves sonos pagãos
Entregue-me seus sonhos vãos
Descarregue em mim sua ira
E irá me sentir até o fim.