Sem medida
Eu não via possibilidade
De ser alguém melhor.
Minha percepção falha não sabia
O que era pior:
Ela, eu ou a calamidade.
Ela, eu ou a calamidade.
Se doía nela, em mim sangrava
Suor frio sem sal.
Atenção alerta, nó na garganta
E lágrima amarga –
De tudo o que a existência embarga.
De tudo o que a existência embarga.
Eu quero ser alguém maior
Que a minha ironia.
Sem risada forçada só por rotina,
Mas sim sorrir sem dó,
De pura e verdadeira plenitude.
De pura e verdadeira plenitude.
Não se iluda! Não se ilude
Quem já abdicou de tudo.
Mas retribua os impulsos de sorrir,
Sem dó.
Ainda que só isso seja algo;
Que algo seja ainda incompleto;
Que a vida toda seja só mistério;
Que o sopro seja todo etéreo;
Que o ranço seja assim tão bélico;
Que o traço seja em si simbólico;
Que não só meu riso me retrate;
Que as escalas tenham unidade:
Impulsos sejam sem medida.
Impulsos sem medida.
De pura e verdadeira plenitude.
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Dez/2018