Ritual: O Rio Sagrado

(...)E aqueles que desejavam compreender verdadeiramente, foram convidados a curvar e mergulhar a cabeça no luminoso rio.

"Ao retornar percebemos nós mesmos mais claramente. Pensamentos mais nítidos; Confiança e certeza brotavam da nossa alma!

Ficamos um pouco grisalhos. As mechas coloridas dos cabelos foram levadas pelo rio. Os sonhos aproximaram-se tanto... que quase podíamos tocá-los!

...Alguns, se satisfizeram com tal revigorante estado,

mas a curiosidade dos homens

desejava ir a diante:

Curvamos novamente nossa cabeça no rio.

Ao retornar nos vimos calvos, de pele mais clara, frágil.

rugas marcavam a expressão dos sentimentos na tez dos caminhantes: felizes, austeros, amargurados...

*

Pois quem antes possuía pensamentos novos, perdeu-os de vez.

Haviam todos eclodidos em si mesmos.

Não nasciam mais como sementes: pensamentos surgiam agora em brotos...!

Foi uma experiência.

Para alguns, o rio assustou, para outros, o rio corrompeu

ainda alguns, o rio alegrou, ou encantou ou até se perdeu.

Mas todos sentimos forte no peito

a necessidade de se entregar ao bondoso rio

entregar-lhe também o corpo, também a alma.

*

adentramos.

uns de cabeça.

outros inundavam-se... vagarosamente.

aos que tinham frutos, entregaram-se ao rio com alegria

aos que tinham sementes, entregaram-se ao rio com esperança

aos que não tinham nada o rio tomáva-lhes as lembranças.

Mas todos os corpos fizeram-se em chamas

flutuavam rio abaixo como flores de lótus

e iluminavam o caminho para os caminhantes mais novos."

FlávioDonasci
Enviado por FlávioDonasci em 30/12/2018
Reeditado em 24/06/2019
Código do texto: T6538987
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