Ritual: O Rio Sagrado
(...)E aqueles que desejavam compreender verdadeiramente, foram convidados a curvar e mergulhar a cabeça no luminoso rio.
"Ao retornar percebemos nós mesmos mais claramente. Pensamentos mais nítidos; Confiança e certeza brotavam da nossa alma!
Ficamos um pouco grisalhos. As mechas coloridas dos cabelos foram levadas pelo rio. Os sonhos aproximaram-se tanto... que quase podíamos tocá-los!
...Alguns, se satisfizeram com tal revigorante estado,
mas a curiosidade dos homens
desejava ir a diante:
Curvamos novamente nossa cabeça no rio.
Ao retornar nos vimos calvos, de pele mais clara, frágil.
rugas marcavam a expressão dos sentimentos na tez dos caminhantes: felizes, austeros, amargurados...
*
Pois quem antes possuía pensamentos novos, perdeu-os de vez.
Haviam todos eclodidos em si mesmos.
Não nasciam mais como sementes: pensamentos surgiam agora em brotos...!
Foi uma experiência.
Para alguns, o rio assustou, para outros, o rio corrompeu
ainda alguns, o rio alegrou, ou encantou ou até se perdeu.
Mas todos sentimos forte no peito
a necessidade de se entregar ao bondoso rio
entregar-lhe também o corpo, também a alma.
*
adentramos.
uns de cabeça.
outros inundavam-se... vagarosamente.
aos que tinham frutos, entregaram-se ao rio com alegria
aos que tinham sementes, entregaram-se ao rio com esperança
aos que não tinham nada o rio tomáva-lhes as lembranças.
Mas todos os corpos fizeram-se em chamas
flutuavam rio abaixo como flores de lótus
e iluminavam o caminho para os caminhantes mais novos."