Um poema só
Um poema só,
Que abra a noite
E me mostre caminhos no escuro.
Que seja o canto,
Na luz da manhã em que mergulho,
Um poema só,
Para regar essa vontade incessante,
De não parar.
Que seja aquela reticência,
Do verso gravado na alma,
Que enraíza profundo,
E verte, vento, palavras...
Que é melodia e silêncio,
Tocando nas madrugadas.
Um poema de gente,
Alvos fugindo das balas,
Um poema de paz,
Manchado de tantas lágrimas.
A dor, o amor,
A linha que os separa,
Um poema que une,
Que aquece na estação gelada,
Que estende a mão com um prato de afeto,
quatro paredes e um teto.
Um poema suave,
Para apaziguar toda a dor,
Que aperta forte na ferida,
Faz verter sangue, lágrimas, despedidas
E que estanca tudo...
Num pequeno gesto de amor.