Casa Iluminada
Casa iluminada
Na minha casa iluminada, sem teto, sem véu, na beira do céu, na beira da estrada, passam tantas estrelas todas tolas e meninas, meretrizes e inocentes, suaves e notáveis, apenas doces bailarinas.
E passam viajantes iguais cometas errantes, querendo viajar e viajar em ondas perdidas do distante mar.
E na varanda, a lua nua, sem pudor, vem cheia de amor se banhar, no diacho do riacho que se esconde nos quartos e corre como moleque, lobo da estepe até a sala de jantar.
Na rede estelar, sonho feito amor-perfeito e adormeço ao florescer de um novo jardim.
Enfim é assim, minha casa iluminada, encantada, jogada em um canto qualquer de uma fresta, na janela quebrada, que não fecha ao lado da floresta.
Em sintonia vem a sinfonia de pardais, minhas dissimuladas poesias em repentinos madrigais.
A solidão me faz companhia, a alegria de viver habita o meu ser e chegam outros adoráveis visitantes, infantes também de passagem de outro tempo, na aragem e soprar do vento.
Um labrador e um gato Blue vêm do Sul, o piar de um mocho e de uma coruja na sabedoria da sorte, vem do norte.
E sinto o ruflar dos anjos por perto, do oeste e do leste percebo o caminho certo, ao curvar de um cipreste.