Cartão postal ao Brasil
De todas as histórias já contadas
Muitas já se repetiram
De tantas histórias já escritas
Muitas ainda surgirão
Germina na humanidade
Um olhar de cegueira
Que lhes contorce a mente
E instiga atitudes invertidas
Essa velha burrice
de aceitar a obediência
A ordem imposta
sob todos os sentidos
A deus a cura
Ao civil a segurança
Ao rei a fortuna
Ao pobre a desesperança
Já estamos cansados
da velha história
Onde o dominado
cava a própria cova
De toda a obscuridade,
de tanto autoritarismo e preconceito
Novos livros escritos
Mas continuamos em 1500
Caravelas, jesuítas, catecismo
A deus Tupã queriam extinguir
E roubar daqui
a cultura dos nativos
Eu lhe recordo, todo acordo
Todas as leis e imposições
Entre Cabral e a história
Criou-se a democracia, que pouco adiantou
O progresso é um mero comércio
Onde o empresário diz plantar árvores
Mas domina milhares de hectares
Desmatando e matando a humanidade
Plantaram soja, armaram pastos
E dizem que a economia é o futuro da nação
Mas nunca preconizam a liberdade
É só o interesse e a destruição
A cada história morremos um pouco
A cada escrita um pouco mais de guerra
Entre Cabral e o tempo
Sobrou a terra, mas a humanidade ainda morre
Todos morremos, com a injustiça, com o preconceito
com o fascismo, com a falta de direitos
Todos morremos
Mas a história nunca morre
Uma historia vívida nunca se apaga
Entre Cabral e a democracia
Eu pondero o direito à vida.