Sou poesia e escrevo ao tempo
Sou tempestade que chega sorrateiro
Quando os sonhos trazem delírios e vontades.
Sinto dentro de mim algo improvável
Sinto certa felicidade, não sei.
Os sorrisos são enfeites de festas esquecidas
Um vinho doce e amargo
Que eu não bebo e nem sonho.
As estrelas tecem o infinito lacônico
Pelas madrugadas quentes desta terra.
Queria ser um furacão de emoções
Para saborear as tristezas lívidas dos poetas.
Sou morada da distância e do desespero
Que buscam prazeres e eternidade.
Os olhos da infância brincam num canto lúdico
De cores e sons, mas eu penetro firme:
Na ausência lírica de minha poesia amaríssima.
E tenuidade das esperanças escrevo em relevo
Os sentimentos pueris de um cristão sem fé.