Rasgar-se e remendar-se

Rasgar-se e remendar-se,

Entre o café e o jantar de todos os dias.

O interlúdio do triste suspirar,

Dos que vagam errantes pela vida.

O construir e fragmentar do corpo e da alma,

Perante as vicissitudes dos dias

E das madrugadas de sono, sonho e delírio.

Um suar e secar entre planos e mágoas.

Rasgar e remendar-se,

Por meio de trovas e ilíadas.

Tecendo com zelo o frágil fio da vida.

Do ponto à bainha, do laço ao nó.

Escorrendo pelos dedos sem poder reter

A areia da ampulheta que é meu corpo,

Receptáculo de ideias e ideais,

Manancial de sonhos e mágoas.

Edificação de tantos passados e incertos futuros.

Nesse rasgar e remendar o tecido fragiliza,

Por abrigar outro ser, esticar os abraços, amargar despedidas.

E voltar ao regaço da terra, ao barro formador.

Virar pó, adubo e depois planta.

Rasgar e remendar novamente a existência,

Clamar por não perder a relevância e

Novamente ser colhida com novo aroma, talvez especiaria

E dar sabor, nova cor e essência,

Quem sabe me tornar pão,

Alimentar o espírito e virar oração ou apenas canção.

Pudera eu ser apenas poesia.

_Rose Paz_

14/09/2018

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 14/09/2018
Reeditado em 30/09/2018
Código do texto: T6448088
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