Pterodactilia.

Era doença sem nome.

Uma crença que não tinha um credo.

Era Deus a fazer poesia

Daquelas que o tempo não leva

Tão belas, que leva muito tempo

Para lê-las todas

Um meio-dia infinito

Era um minuto na eternidade

Mas o vento

Sempre as levaria

Pra lugar distante

Pois, diante de força tamanha

A existência do Universo

É breve

A verdadeira força do vento

Se esconde

No ato de soprar de leve

E sem pressa

Transformando

A mais alta montanha

Em algo leve

Em algo que o vento leve

Tão depressa quanto a vida

Era a pterodactilia de Deus

Doença de fazer

Versos

Poesias

Universos

Fazendo-as parecer

Um pensamento esdrúxulo

E em meio a tudo isso.

Durante o correr de Eras

Saber que era o mundo inteiro

Alguma coisa que coubesse

dentro de um cinzeiro

E sobraria espaço

Era somente questão de espera

Outra parada em qualquer estação

Escrito e previsto

Que o começo e o fim

Se encontram num lugar comum

Num ângulo

de trezentos e sessenta graus

Vai e volta e se consome

E assim bem e mal se vão

Todo lugar é um lugar qualquer

E qualquer lugar é lugar nenhum

Aquilo que ontem era tudo

Desaparece em movimento mudo

Em questão de momento

O vento leva

Até mesmo o sinal de igualdade

E tudo acaba

Sendo eternamente igual

Não se divide o invisível

Em partes iguais

Ponto final

Nada mais.

Edson Ricardo Paiva.