Inonsense
Escrevo na certeza
que do outro lado
há sempre alguém que entenda...
alguém que sinta e pressinta
o inusitado de ser poeta
neste tempo tão materialista,
neste caos de concreto e fumaça,
neste fim de mundo sem graça,
que assistimos quase que anestesiados.
Resta me a ironia, a rima incidental
e o despropósito de meu grau incurável de lucidez!
Assim me finjo de louco
e disfarço um pouco
minha estúpida franqueza...
minha tão absoluta certeza
"de que uma grande mudança em breve vai acontecer
e que precisamos todos rejuvenescer..."
Sem ideal, resta apenas o reles capital,
a manchete repetida do jornal
descrevendo as visões de Dante,
o inferno contagiante
que nos faz reféns do medo!
Por isso, escrevo mais este poema
sobre o mesmo tema,
dizendo novamente
que enlouqueci.
Que doravante criarei ao derredor
o reverso desta "civilização"
versos de uma exclusiva revolução...
operada tão somente dentro de mim!