Noturno de Agosto
Adentro agosto.
Faltam flores nesse jardim.
Há um zumbido estranho de venenos,
de rostos marcados pela dor,
dos tempos de vergonha interior expostos.
O brilho é falso, todos os brilhos doem aos olhos
e todas as falas apenas surrealismo para impressionar.
Gritam as paredes por solidariedade,
chamam os ventos pela paz,
os latidos pedem misericórdia,
as palavras só pedem ação,
o coração só pede vida.
Vida, vida!
A única coisa que importa.
O único detalhe que precisa ser revisto,
apreendido, autorizado sem medidas,
como o grande sol que é a vida do mundo.
Não há mais para onde correr
a não ser para uma pequena fresta
por onde os dias se enfiam
chamada esperança.