Passeio em mim
Deponho as armas.
Sou terra sedenta de paz.
Serva da vida, ao meio-dia,
à meia-hora, à angústia
e à alegria
de molhar o rosto,
de ficar, de ir embora.
Meus braços em mim contestam
seguram os ramos,
pedem, protestam.
Mas em todas essas flores
me gesto.
Sou na selva, uma fresta de luar,
também rosa que não quer se desfolhar;
quer ir banhando-se nesse ocaso
sonhando essa face serena de lago
e jamais vacilar.
Deponho as armas.
Talvez estremeça à luz do horizonte.
Mas sei que reconheço meus pés
nessa ponte
que construo
direto sobre o meu coração
pra me reencontrar.
(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)