Passeio em mim

Deponho as armas.

Sou terra sedenta de paz.

Serva da vida, ao meio-dia,

à meia-hora, à angústia

e à alegria

de molhar o rosto,

de ficar, de ir embora.

Meus braços em mim contestam

seguram os ramos,

pedem, protestam.

Mas em todas essas flores

me gesto.

Sou na selva, uma fresta de luar,

também rosa que não quer se desfolhar;

quer ir banhando-se nesse ocaso

sonhando essa face serena de lago

e jamais vacilar.

Deponho as armas.

Talvez estremeça à luz do horizonte.

Mas sei que reconheço meus pés

nessa ponte

que construo

direto sobre o meu coração

pra me reencontrar.

(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 05/09/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T640120
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