Por cima das ondas
um olhar sobre as ondas
por cima das cristas do mar
salpicos que brilham ao luar
como peixes feitos em prata
no refluxo das minhas entranhas
sacudo as margens do meu ser
sou náufrago sem o saber
e balanço numa escuna só
perdido no meu pouco tempo
tento desatar o aperto dos nós
lanço meus prantos em tons de cinza
e seguro o meu olhar a esse cais
vou embarcar na luz de uma imagem
escutar o som do eco da miragem
e perpetuar-me no voo de uma gaivota
sou agora mais do que uma onda
sou do mar um amigo que se esvai
em sangue que lambe as feridas
na saudade dissolvo as partidas
e morro pelo amor que não sai