Sexto sentido

Meus olhos acolhem um vulto

na última placa da rua

na única estrela da noite

um açoite a me dilacerar.

Ouço a música que bate à porta

e me estende a alma no varal,

do metal um canto bonito soa,

se faz sentido, pouco importa.

Sinto os lábios que recolhem

calados o tato dos dedos

tontos de êxtase ao contorno

um tanto quanto embriagados.

O aroma de nuvem no frescor

tão viçoso da pele macia

que me causa aprazia e exala

o cheiro de flor de cor avermelhada.

E onde se entranha o paladar

nasce um beijo, estufa a veia

acende a candeia do olhar

que vê o mar do chão do interior.