A PORTA
A Porta em madeira maciça, imensa, cheirando a verniz, inerte descansa em meio à névoa distante
Fachada e batente resistentes, incrustados nas pedras do etéreo, em meio ao nada e ao tudo
A porta, lúgubre e impiedosa, apenas disfarce da Verdade Suprema...
Na verdade, um doce canto de Siriema, raiar de um dia que nunca acaba na mais plena realidade, sempre imperiosa...
A porta misteriosa é relicário, passagem e guardiã de castelos e monastérios.
Como explicar A porta - sem tranca e sem chaves, porém, hermética e estranhamente fechada.
Mas, para os que acreditam e veneram ao Pai Celestial, A maçaneta da Porta é iniciática, é semântica de Atlântida - estrada de luzes entre as sombras.
Relva molhada e Sol Brilhando nas Esferas, apenas alfombras, viagens e passagens bucólicas de outras Eras...
Para o iniciado, refúgios, paisagens adormecidas e fortalezas que se escondem do outro lado
A porta é mistério, armazena saudade, Louvores e gritos do infinito
Mas, ao longo do marrom talhado, guarda um brilho, continuidade, um Filho que alimenta uma fresta do tempo
Talvez seja esta Porta, um sonho confuso em imagens distorcidas de um momento perene
É a realidade da idade que não tem idade, vento cheio de vida, aparentemente amorfo e morto que habita atrás desta porta
Conforta, saber que de repente,Vem do Além um clarão no sombrio batente
A mente ergue uma taça de prata, surge um quadro na antiga parede
E a garrafa de vinho derramada é a vida, entre a sede atrás da Porta
Ao soprar do Tudo, fica a sensação de um instante de paz, Será esta visita inesperada, que sempre traz tantas lembranças perdidas???
Bater ou não Bater na Porta???
Ter medo de Ter coragem e materializar a Imagem..
Será agora um sinal, a hora exata, sensata, de mexer, de reabrir, deixar fluir e tocar na maçaneta???
Esta visita não vai se repetir, é o momento, vamos Voltar a visitar a pradaria e delicadamente abrir a Sagrada Porta
Então, vamos Entrar, superar o medo, a dor, a culpa e leves como feno ao sopor da última brisa,ultrapassar, transpor, criar asas e voar, voar, permitindo à alma recordar e vivenciar todas as outras vidas...
Porém, Se não for desta vez, em outras tentativas seculares haverá lugar e credo para o semear da paciência
A ciência é fé, é devoção, é poder acreditar até nas raízes entre a deletéria desistência
A Porta, sempre estará Lá, ao nascer do Sol e ao Luar
E existirá Eternamente Esta Imaginária e Pesada Porta, que em Outros Planos é leve e doce Madeira Esquecida...
Ela habitará nossos Sonhos, aparentemente fechada, mas na celestial realidade, eternamente Aberta, na chegada ou mesmo na partida rumo a Outra Vida...
31 de agosto de 2001
Anderson com a ajuda dos anjos -poetas do Etéreo, do Mistério sem mistério da eternidade da Vida.