AO MAR OFEREÇO A MINHA CURA!
Atraído pelo som do mar,
Entrei no segredo de uma concha,
Como um náufrago encorajado
Que avista terra junto ao céu.
Ao deslizar pela espiral sem fim,
Onde os sons eram ecos de mim,
Às cambalhotas, rodopiei subjugado,
Sugado e amparado pelas delícias.
Estava mais perto de ser coroado;
Sentir graça no mergulho e nas carícias.
Estava leve como uma pluma certeira
E viajava na garupa do meu alazão;
Cheio de vontade era brisa e era chão.
Por entre lugares e frestas sem beira,
Aproximei-me mais do som da água.
Ouvia gritos e clamores no oceano,
Soberano, no fim dos meus confins.
Senti sede, angústia e pura magia;
Vi a água límpida naquela bacia
De lágrimas e castelos de areia.
Agora sabia que não era o primeiro...
Criaturas que flutuavam embriagadas;
Gritavam o mar e riam extasiadas.
Preparei o corpo para o mergulho;
Cerrei os dentes e atirei-me num pulo.
Agora, era água e encanto.
Aos deuses oferecia a minha carne.
Era ágil como um peixe que voa;
Que buscava leve o sair das redes...
Estava no limiar da minha loucura;
Ao mar ofereci a minha cura!