PROMETEU

Pois mergulhei de cabeça nas caligens do Universo

atrás dos segredos dispersos na noite

ondas e partículas perdidas nos mares de éter

qual Prometeu na escuridão do desconhecido

guiando uma leva de pajés e curandeiros

lancei-me através dos penhascos da eternidade

deixando para trás os Elísios e o Olimpo

os confortos das redes sociais e do asfalto

onde trilhas esburacadas tentam devorar os pés

aranhas gigantes espreitam nas grutas

sem escapar porém

das represálias das divindades e falsos tiranos

os mitos que dominam as mentes das turbas

fui preso às rochas frente à tempestade

caça de animais ferozes nos labirintos

porém as formigas de fogo não puderam matar-me

fui espalhando sementes à beira desta estrada

esporos através de todas as flores

os homens lançaram mil mandíbulas pelo ar

mas não puderam devorá-las

e os Grandes Antigos choraram impotentes

tiveram de dividir o mundo com esta escória

rasgou-se o manto dos anciões e dos titãs

a escarlata dos reis e rainhas virou cinza

quando as chamas do conhecimento

tocaram mentes e espíritos através de eternos éons