O POSTULADO
Anseio a velhice e o riso,
Desdentado ou não, não importa!
Nessa fase áurea da existência,
Por estar tão próximo da porta,
Enfim se descortina o Juízo.
Finalmente sou eu na essência.
Sou eu, eu sem as máscaras,
Sem as vergonhas que me deram.
Posso rir, da moral que escraviza
E das muitas e muitas caras,
Das que fiz e das que me fizeram.
Sou uma tábula rasa!
Me desfiz das roupas vazias.
Meu cabelo solto e lasso,
Os sulcos que delineiam minha boca,
E o anseio pela ignota travessia.
A eternidade adjacente ao passo!
Não há dor ou medo na passagem.
Há sim um convergir das filosofias,
Por um irromper natural da ataraxia.
Eis o Portal, eis a porta para o além!
Levo a minha mão ao trinco resoluto...
Mas, não consigo girar o ferrolho
E cansado do esforço extenuante,
Me curvo ante a porta e ajoelho.
E assim, de súbito, um som escuto...
- Entre filho! Ouço a voz e agradeço,
Passo à porta e fico extasiado!
Agora entendo o fim e o começo.
Ah! Infelizmente não posso contar...
Isso, aqui, é um postulado!