O POSTULADO

Anseio a velhice e o riso,

Desdentado ou não, não importa!

Nessa fase áurea da existência,

Por estar tão próximo da porta,

Enfim se descortina o Juízo.

Finalmente sou eu na essência.

Sou eu, eu sem as máscaras,

Sem as vergonhas que me deram.

Posso rir, da moral que escraviza

E das muitas e muitas caras,

Das que fiz e das que me fizeram.

Sou uma tábula rasa!

Me desfiz das roupas vazias.

Meu cabelo solto e lasso,

Os sulcos que delineiam minha boca,

E o anseio pela ignota travessia.

A eternidade adjacente ao passo!

Não há dor ou medo na passagem.

Há sim um convergir das filosofias,

Por um irromper natural da ataraxia.

Eis o Portal, eis a porta para o além!

Levo a minha mão ao trinco resoluto...

Mas, não consigo girar o ferrolho

E cansado do esforço extenuante,

Me curvo ante a porta e ajoelho.

E assim, de súbito, um som escuto...

- Entre filho! Ouço a voz e agradeço,

Passo à porta e fico extasiado!

Agora entendo o fim e o começo.

Ah! Infelizmente não posso contar...

Isso, aqui, é um postulado!

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 21/04/2018
Reeditado em 22/04/2018
Código do texto: T6315076
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