Doces lembranças do futuro
Eu só falo do que não entendo
Do que circunda as ideias
No vácuo do pensamento
Do que percorre a incerteza
Nas entrelinhas da memória
Do futuro efervescente
Daí eu discordo
Do que antes falava
E pensava comigo
Quando o verbo insurgente
Era apenas poeira cósmica
Na língua da boca seca de Deus
E eu estava lá,
Espremido entre os prótons e a saliva escassa
No leque das possibilidades infinitas do carbono
No vão das células que explodiram do nada
Escondia entre as costelas desnutridas
O meu discurso verborrágico
Repercutido no eco das estrelas
Na escuridão das galáxias
De cócoras e com o ovo aparecendo
Ficava conversando com as réstias,
Sorrindo e gargalhando, sem motivo aparente