O MEU INFINITO
somente o infinito para me guiar
sem margens paragens e descompassos
um caminho sem estradas para cruzar
nos abraços que teimei em não dar
nos beijos que transformei em laços
certezas que ficaram para me guiar
tudo se esvaiu por essa terra solta
sinto que os poros se fecharam
nada mais me faz lembrar de mim
sou apenas poeira decantada pelo ar
restos desse ser dão-me a última voz
num sibilar rente às nuvens brancas
infinitamente nutrido e só esvoaço
parcas partículas agregadas ao pó
não consigo mais olhar para trás
sinto-me suspirar infinito e incerto
é tarde para não querer voar
sou agora o mito da minha natureza
pertenço às regiões desabitadas
onde os abismos acolhem os deuses
peregrino de toda uma fé tamanha
vejo água e luz por toda a parte
por cima do sol nessa montanha