Um grão
Não precisa gostar de mim
Não precisa me entender
Não precisa nem me ver
Sou apenas mais um grão
De poeira estelar
Se hoje a maré subir
e depois nos carregar
No fundo do mar infinito
Até o próximo soerguimento
Então seremos monolito
Ou quando o sol expandir
e o mundo queimar
Iremos vibrar em tons de vermelho
O calor expelindo o que nos separa
E seremos um só vidro
Por enquanto o vento do tempo
Nos leva a moldar dunas
A passar por dedos de sílfides
Moldando castelos efêmeros
Numa praia deserta
Por enquanto um oceano nos separa
Mas nada é eterno ou imortal
A morte é apenas o fim do novelo
material
Não te preocupes, sou paciente
por milênios posso te aguardar
Por entre as raízes de uma sequóia
De um vinhático ou de um baobá.