Fragmentado
Parte de mim quer manter meu lado oculto atrás da porta
Outra parte ri, zomba disso, não se importa
Parte busca a felicidade a qualquer custo
Outra se recusa a fazer o que não julga justo.
Parece que na estrada são infinitas as bifurcações
A cada instante me deparo com sempre novas decisões
Muitas sem retorno, completamente irreversíveis
Destruindo para sempre futuros e histórias possíveis.
Na balança é impossível comparar hipotéticas perdas e danos
Dolorosos e vãos acertos ou deliciosos e insensatos enganos
Desaparecem em um átimo rotas, mapas, projetos e planos
Em fração de segundos volatizam-se inesquecíveis anos.
Parte de mim crê além do que os olhos vêem ou os lábios sentem
Outra grita convicta que os instintos mascaram e mentem
Parte quer estar ao seu lado e jamais tornar a sair de perto
Outra faz absoluta questão de manter o futuro em aberto.
Parte de mim quer largar tudo e recomeçar em outro lugar
Outra finca o pé, se ata às raízes, luta e insiste em ficar
Parte compactua com as dores do mundo e quer fazer sempre o melhor
Outra se limita ao que vê no espelho, não vê mais nada ao redor.
Parte de mim quer apagar essas linhas e esquecer esse poema
Outra insiste em debater, repensar, esgotar esse doloroso tema
Parte julga saber todas as respostas com total convicção
Outra vaga sem rumo no labirinto infinito do sim e do não.