LUTO
Na janela do sonho acalentado
O olhar a "avistar" Nenúfares
Vagando em campos matizados
Num bailado fascinado pelos ares
Um Concerto de Aranjuez ressoa
A solidão d'alma que vagueia
Perto do vinho um livro do Pessoa
Brilha uma deslumbrante lua cheia
Melancolia misturada com o tinto
Tudo imerso num vazio absoluto
A noite vai seguindo seu labirinto
A madrugada vai forjando o luto
Latidos a esmo de um cão medonho
Galos roucos a manhã tecendo
Liberto da caverna e do tolo sonho
Sol da esperança a morrer tristonho