PEREGRINO

definitivamente não sou um homem público

publico apenas para não me tornar ausente

em mim e nas minhas histórias sem fim

sou um sentimento que às vezes não sente

outras vezes sinto mais do que a dor persente

adormeço sem ver a musa do meu jardim

gente passa por entre várias lembranças

outros sacodem apenas a poeira dormente

acho-me indiferente quando os vejo acenar

apenas corpos que balançam sem ser gente

sorrisos forçados que não me deixam contente

apenas forjados no brilho do meu olhar

o torpor cega-me na vontade de os deixar

carrego-os na minha albarda de madeira

como destroços ausentes do meu presente

talvez o balançar do meu burro os aguente

sinto o sol a morder-me a cabeça rala

firmo no cajado o peso dos meus ossos

deixo a minha tristeza brindar ao acaso

sou peregrino conformado em solo raso

moro nesse corpo que geme e fala

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 16/01/2018
Código do texto: T6227631
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