PRISIONEIRO DO MAR

Os dias são como as ondas do mar;

Cantam a música no sopro do vento,

Agitados na espuma que quer se levantar.

Espreguiçam-se na correnteza cálida e apaziguadora,

Vomitam labaredas de fogo e consternação.

São tímidos bivalves que evitam abrir a sua concha.

Às vezes, ouvem-se vozes que são puros lamentos de paixão.

Por vezes sussurros, queixumes sem eco e sem razão.

Os cânticos mais alegres são aqueles do perdão...

A voz das sereias atrai-me para dentro do mar.

Ouço-as sempre que mergulho a pique e sem pensar.

Às vezes, sento-me no leito a soluçar

E chamo-as para junto do meu ficar...

Vêm rodeadas por cardumes de todas as cores.

Sorriem para mim, em sinal de júbilo e bem-estar.

A pouco e pouco, sentam-se em volta e começam a cantar.

Quando penso em respirar, já é tarde...

Estou tomado pelo canto e pela poesia das sereias.

Agora, faço parte dessa areia...

Sou prisioneiro do mar.

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 24/11/2017
Reeditado em 17/12/2017
Código do texto: T6181254
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