PRISIONEIRO DO MAR
Os dias são como as ondas do mar;
Cantam a música no sopro do vento,
Agitados na espuma que quer se levantar.
Espreguiçam-se na correnteza cálida e apaziguadora,
Vomitam labaredas de fogo e consternação.
São tímidos bivalves que evitam abrir a sua concha.
Às vezes, ouvem-se vozes que são puros lamentos de paixão.
Por vezes sussurros, queixumes sem eco e sem razão.
Os cânticos mais alegres são aqueles do perdão...
A voz das sereias atrai-me para dentro do mar.
Ouço-as sempre que mergulho a pique e sem pensar.
Às vezes, sento-me no leito a soluçar
E chamo-as para junto do meu ficar...
Vêm rodeadas por cardumes de todas as cores.
Sorriem para mim, em sinal de júbilo e bem-estar.
A pouco e pouco, sentam-se em volta e começam a cantar.
Quando penso em respirar, já é tarde...
Estou tomado pelo canto e pela poesia das sereias.
Agora, faço parte dessa areia...
Sou prisioneiro do mar.